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Mortes no trânsito em Rio das Ostras evidenciam imprudência de motoristas e falta de fiscalização da prefeitura
Um trágico acidente na madrugada dessa segunda-feira, 11, que vitimou duas mulheres e deixou outra ferida em Rio das Ostras, traz novamente à tona uma realidade complicada em que vivem as cidades da região, a falta de segurança no trânsito.
Se de um lado, falta educação no trânsito, como evidencia o acidente das 3 mulheres em uma mesma moto, todas sem capacete, por outro, também falta fiscalização dos órgãos competentes, ou seja, das prefeituras.
Exclusividade do Estado do Rio, essa situação acontece desde abril de 2019, quando o então governador, Wilson Witzel (PMB), retirou a Polícia Militar (PM) de ações no trânsito, acabando com as blitzes para vistoriar documentos e o estado dos veículos.
“A missão da PM é combater o crime e o tráfico, e garantir a ordem pública”, justificou Wilson Witzel na época, quase 2 anos antes de sofrer o impeachment que deu fim a seu mandato como governador, em abril de 2021.
Para um especialista ouvido pela reportagem, a ausência da atuação da PM está entre os fatores que fizeram o número de acidentes de trânsito disparar no Estado do Rio, como mostram dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran.RJ), divulgados no último mês de setembro.
Entre janeiro e julho de 2024, o Detran.RJ registrou uma média de 63 acidentes com vítimas por dia, resultando em 1.105 mortes no trânsito em apenas 6 meses, representando um aumento de 14,4% em relação ao mesmo período de 2023.
Em comparação, os números de mortes no trânsito no Rio vinham caindo entre 2007 e 2018, quando tiveram uma redução de 34%, conforme dados de um levantamento feito pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) e pelo Detran.RJ.
O reflexo dos problemas de fiscalização no trânsito no Estado, em especial em Rio das Ostras, é visível quase todos os dias, com acidentes, muitos deles com vítimas, além de diversos casos de infrações, direção perigosa, motociclistas sem capacete e com excesso de passageiros, até mesmo crianças.
De acordo com um levantamento da Organização Não Governamental (ONG) Centro de Liderança Pública (CLP), de julho desse ano, Rio das Ostras ocupava a 89ª posição nacional entre as cidades com maior número de internações por acidentes de trânsito a cada 100 mil habitantes.
Além disso, segundo a Secretaria de Segurança Pública da cidade, entre 1 de janeiro e 10 de junho de 2024, Rio das Ostras registrou 372 acidentes de trânsito, com 336, ou seja, mais de 90% deles, com vítimas.
Na época, o secretário da pasta, Evandro Carvalho, reforçou a importância de ações para tentar reduzir esses números, citando a presença permanente de agentes e viaturas nas ruas, a realização de palestras educativas nas escolas, e operações itinerantes de rotina, mas a realidade mostra que pouca coisa mudou.
Menos de 1 mês depois, as ruas da cidade voltaram a ser palco de tragédia, quando a jovem Ana Clara Rampini, de apenas 21 anos, morreu depois de ser atropelada por um jovem de 19 anos que dirigia embriagado na orla de Costazul.
Apesar da frequente aglomeração de pessoas nas noites do local, repleto de bares e vendedores ambulantes, a ausência de fiscalização da prefeitura e dos órgãos de segurança não impediu mais um caso que chocou a cidade.
Se o acidente das 3 mulheres sem capacete dividindo a mesma moto mostra que a imprudência continua matando no trânsito de Rio das Ostras, também deixa clara a omissão da prefeitura e dos órgãos de segurança, com a falta de ações de fiscalização e ações educativas.